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Color e a Teoria de Tudo: É Possível?

  • Foto do escritor: Andreea Hartea
    Andreea Hartea
  • 5 de abr.
  • 3 min de leitura

A cor é, ao mesmo tempo, um prazer e um desafio. Especialmente quando não existe uma “Teoria de Tudo” que preencha a lacuna entre seu significado objetivo e a nossa experiência pessoal.

Assim como ainda estamos longe de uma teoria unificada na física, enfrentamos o mesmo desafio ao tentar compreender a cor.

Estudos recentes, como “O que sua cor favorita diz sobre sua personalidade? Não muito” e “Quais emoções as cores representam?”, das pesquisadoras Domicele Jonauskaite e Christine Mohr, desmontam antigas crenças sobre a psicologia das cores.

As conclusões mostram que nossa cor favorita não nos define tanto quanto imaginamos. E nenhuma cor pode, de fato, representar uma única emoção.


Artistic portrait of a woman with a rainbow across her face. Soft pastel colors create a serene and contemplative mood.

Pegue o vermelho, por exemplo. Amar vermelho não significa automaticamente que você seja apaixonado ou extrovertido, assim como ver vermelho não evoca necessariamente o amor. Na natureza, o vermelho pode indicar perigo, como o alerta de um cogumelo venenoso, ou maturação, como no caso de um morango perfeitamente maduro. No reino animal, pode sinalizar agressividade ou prontidão para o acasalamento.

O significado da cor é arbitrário. Seja no mundo natural ou no mundo criado pelo homem, aprendemos seu simbolismo por meio da experiência. Com sorte, nos ensinam esses significados. Caso contrário, os descobrimos por tentativa e erro — às vezes, colocando-nos em risco. Pense em um pedestre que ignora um semáforo vermelho.



Cor como Construção Cultural

As cores carregam séculos de história e tradição, enraizando-se em nosso inconsciente coletivo. Tornam-se parte do código social, ajudando-nos a comunicar dentro de um sistema compartilhado de significados.


Ao mesmo tempo, a cultura do consumo redefine constantemente as tendências cromáticas. Todos os anos, surgem novas paletas que, sutilmente, nos lembram que o tempo está passando, alimentando um ciclo de obsolescência programada que está se tornando cada vez menos sustentável, tanto econômica quanto ecologicamente.


Conexão Pessoal: o Verdadeiro Significado da Cor

Mas o que acontece quando eliminamos a influência cultural, as modas e até mesmo a análise científica? Resta uma pergunta profundamente pessoal:


“O que sinto com essa cor?”


Além da teoria, das tendências, do significado coletivo — o que essa cor desperta em mim quando a visto, quando dirijo um carro dessa cor, quando durmo em um quarto de hotel pintado com esse tom, ou quando vejo outra pessoa usando-a?


Amor? Tédio? Preconceito? Interesse? Orgulho? Prazer? Medo? Nojo? Vergonha? Admiração? Culpa? Tristeza? Compaixão?


Porque, no fim das contas, interpretamos a realidade através do filtro das nossas experiências pessoais. E com a cor não é diferente.


O amor que sentimos por uma determinada cor pode ter origem em um momento inesquecível — talvez alguém que amávamos usava aquele tom. Por outro lado, uma cor pode gerar desconforto ou até ansiedade se a associamos a um evento traumático. Um tom específico pode até nos sobrecarregar, como na Síndrome de Stendhal, uma reação emocional intensa diante da arte, simplesmente porque desperta, inconscientemente, uma memória dolorosa.



A Cor como Gatilho Emocional

As cores funcionam como gatilhos emocionais. Podem trazer à tona os sentimentos mais lindos que já vivemos, fazendo com que uma imagem em uma revista nos hipnotize. Ou podem reativar memórias dolorosas, levando-nos a rejeitar instintivamente um interior perfeitamente projetado — por mais que siga todos os princípios estéticos.


As cores fazem parte de nós. Elas falam uma linguagem que só nós conseguimos compreender por completo.

Quando se trata de cor, a subjetividade supera a objetividade. A experiência pessoal se sobrepõe ao significado cultural.


Davi contra Golias? Com certeza.


Especialmente quando falamos dos espaços em que vivemos — lugares que testemunham nossas vidas, nossas falhas, nossas vulnerabilidades. Esses ambientes deveriam nos acolher, nos proteger, nos fazer sentir em casa — não nos aprisionar em interiores neutros e impessoais que anulam nossa individualidade.


A subjetividade da cor nos permite ver o mundo através da nossa própria lente. Ela nos convida a começar de dentro: das nossas emoções, necessidades e vivências.


Talvez seja hora de abraçar essa perspectiva.

Afinal, é a que está mais próxima do nosso verdadeiro bem-estar.

 
 
 

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Andreea Hartea by H.Y.JPG

Andreea Hartea é a criadora do Método RAH, redefinindo as cores através da neurociência e da subjetividade. Seu trabalho ajuda designers e profissionais a irem além de teorias ultrapassadas, criando designs verdadeiramente pessoais e significativos.

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